Falta contar esta história.
A tua.
Aquela que começa no dia em que te deixei a sangrar num canto, lentamente, à espera que morresses.
Foi no dia em que por pouco não me deixei sufocar pela maçã envenenada, a maçã mais perfumada que me ofereceste.
Presente-feito engano que me fez tombar de cinzento sobre o vermelho das papoilas e me fez perder o rumo, o caminho da areia quente.
Cravei em ti um espinho como se murmurasse por dentro de um sonho, tão suave que não o sentiste nem viste que o sangue gotejava, e que era o teu sangue que fluia entre os meus dedos - era teu o sangue.
Deixei-te estar e esperei.
Morreste por fim e eu luto para cuspir o resto da maçã que me arde na garganta para que o teu nome não esqueça.
Branca de Neve sem espelho mágico.
Fico aqui.
(Branca de Neve engole a maçã envenenada - Paula Rego)
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