sábado, 16 de agosto de 2008

Garganta



Amanhã, domingo, não irei às hortas na Pessoa dos outros, não irei à terra nem à linda serra de neve a brilhar... Seguirei pelo asfalto e hei-de ouvir esta garganta a gritar cheia de energia e só hei-de parar junto ao mar.
Até ao meu regresso.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

As palavras que nunca serão de ...




As palavras que faltam explicam no seu vazio essa ausência: nunca deveriam ter existido noutra forma, noutra roupa ( o trajar sempre assimétrico do verbo sentir, por exemplo) para que as palavras nunca tivessem sido essa fonte tão cheia de vitalidade onde desaguam todos os males entendidos. Sofrimentos escusados. Poços sem uma gota de água.


Qual é a vida que cabe na medida das palavras?

As palavras neste retrato de Arpad pela sua esposa...



Procuro como quem arranha na terra. As palavras. Cravando as unhas no coração das árvores ardem. As palavras.
Percorro-me como se fosse qualquer coisa de exterior, um objecto estranho na paisagem do rio que é o meu corpo, mas não estão nas águas. As palavras.
Cuspo o sangue pensando que a boca guardava o que do coração partiu mas sufoco e não as tenho nas mãos. As palavras.
Secas. Duras. Feridas que são poços.
As palavras.