quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Lugar comum



...E se assim for e o sonho chegar, cantar-te-ei ao ouvido, em harmonia com o corpo que já só pertence ao espaço do teu - esse lugar comum na minha boca, nas minhas mãos - o nome do que a vida nos traz a cada instante por entre o sono, por dentro da pele a arder...

Boa Noite
(não te vás embora)
Até Amanhã
(uma nova manhã - a luz que encontro nos teus braços)

Só silêncio

Lembro-me e cai-me uma sombra-fúria em que não me reconheço.
Esboço, a preto e branco, a lágrima que deixei partir sobre um rio, ao longe no horizonte das memórias que me trazem esta cor tão cinzenta.
Seguro um grito, uma palavra que desprezo, uma palavra sobre a perda, sobre o tempo que não retorna, esse louco gigante em que me perco.
Lamento-o. Esse. O afecto desperdiçado que agora me chega a saber a coisa gasta, a trapo, a chão.
Seguro o silêncio e travo nos olhos a vontade de ser outra. Agarro-me ao silêncio, à música, aos poetas que deixo vogar sobre o meu corpo como um navio lento carregando as horas...

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Boa Sorte

É bastante irresistível.

Mexe nas palavras.

Sobretudo, nas não ditas.

Sobretudo, no que pode estar para vir dentro das palavras com que tudo se constrói e que seguem por dentro da música ou do silêncio que nos fica quando tudo se cala, quando a poeira dessas mesmas palavras não nos deixa ver senão sombras... Então... É só isso... Seguir em frente com mais ou menos sorte... Sem, contudo, deixar a noite entrar. É cedo, ainda que esteja frio... Há sol.

Haverá.

Sempre.