sexta-feira, 5 de setembro de 2008

De costas


Na sala o ruído, o movimento, a alteração de vozes...
Alguém pronuncia nomes com letras - sugestão ofensiva e egoísta querer dar espaço à criação!
Voltam-se os rostos em espanto e total desaprovação...
Viro as costas e passa a estar vazia a casa onde não há cor.
Desastre de não pertencer ao inferno dos outros.
Casa de estar só.
( imagem de Dali, modificada por Medeia)

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Nem só de livros vive uma mulher, ou sugestões diversificadas para ocupar um serão no fim das férias...


Depois deste título de tamanho gigantesco, parece-me importante salientar que, nestes últimos tempos, abandonei, ou melhor, suspendi o meu período Saramaguiano para entrar no Agustino ou Agustiniano ou o que quer que seja.
Não há sensibilidade mais cruamente feminina e perspicaz que a de Agustina Bessa Luís. A Ronda da Noite encantou-me, a Quinta Essência abalou-me, a Fanny Owen causou-me incómodo e dores de cabeça... Contudo, qualquer uma destas obras é uma excelente oportunidade para apreciar o que de melhor se escreve em Língua Portuguesa (desculpem, mas quando ando numa fase de paixão por um autor é como na vida sentimental: este é que é, etc...)
E que tem isto que ver com a imagem da Madame de..., obra prima da sétima arte? Nada, ou melhor, tudo: o mesmo patamar de excelência que aproveito para colocar em lugar de empate com a Dama de Xangai.
Aqui ficam as sugestões para um serão fantástico: ler ou a ver um destes filmes formidáveis (e que tal deixarem as telenovelas de lado de vez em quando?)

Hoje ou recordação de Guanabara




É já o dia de hoje.

Ficam para trás os papagaios de papel e as conchas frágeis com que são construídos castelos de areia quase sempre molhada para que se sustentem. Ardem atrás do tempo os risos, o som do mar que gargalha na espuma em que se quebram ondas e ondas dentro da memória. Passa uma ave que leva no bico o entardecer e, no lusco-fusco do ocaso (tempo fantástico de acasos), são transportadas as últimas gotas de verão.