quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008



Houve um tempo assim: ouvia a chuva por dentro da mesma forma que os teus dedos tocavam na vidraça feita de uma certa luz que dos meus descia sobre ti.
Era tudo: a água que corria melancólica e calma por sobre o espaço vazio, a voz que era a música do incêndio sobre esse rio...

Houve um tempo assim: entre palavras e sons se estendiam os dedos e os lábios-torrente, essa mesma,a cascata, a que caía sobre a vidraça (que era olhos e corpos e tudo o que sobre o tempo e a emoção partia à deriva),correndo em forma de água sempre melancólica e calma preenchendo um espaço vazio.

Houve esse tempo, mas existe um abismo rasgando essa face calma e melancólica da pressa de nunca chegar a teu lado, do outro lado da vidraça, onde não se ouve a torrente da música das palavras, mudas na tua presença.

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