As palavras que faltam explicam no seu vazio essa ausência: nunca deveriam ter existido noutra forma, noutra roupa ( o trajar sempre assimétrico do verbo sentir, por exemplo) para que as palavras nunca tivessem sido essa fonte tão cheia de vitalidade onde desaguam todos os males entendidos. Sofrimentos escusados. Poços sem uma gota de água.
Procuro como quem arranha na terra. As palavras. Cravando as unhas no coração das árvores ardem. As palavras. Percorro-me como se fosse qualquer coisa de exterior, um objecto estranho na paisagem do rio que é o meu corpo, mas não estão nas águas. As palavras. Cuspo o sangue pensando que a boca guardava o que do coração partiu mas sufoco e não as tenho nas mãos. As palavras. Secas. Duras. Feridas que são poços. As palavras.
É uma cançaõ de amor... A nossa escolha dos vários nomes em cartaz para os festivais de verão. Entranha-se, embora se estranhe porque se situa entre o fácil e o bem feito. É uma canção de amor para apreciar nestes dias quentes. Espero-te na esplanada e vou ouvindo...
All of these lines across my face Tell you the story of who I am So many stories of where I've been And how I got to where I am But these stories don't mean anything When you've got no one to tell them to It's true...I was made for you
I climbed across the mountain tops Swam all across the ocean blue I crossed all the lines and I broke all the rules But baby I broke them all for you Because even when I was flat broke You made me feel like a million bucks Yeah you do and I was made for you
You see the smile that's on my mouth Is hiding the words that don't come out And all of my friends who think that I'm blessed They don't know my head is a mess No, they don't know who I really am And they don't know what I've been through like you do And I was made for you...
All of these lines across my face Tell you the story of who I am So many stories of where I've been And how I got to where I am But these stories don't mean anything When you've got no one to tell them to It's true...I was made for you
Estive lá. A música fundiu-se com e na natureza, até as cigarras acompanhavam as notas. Esqueci-me dos vestidos das senhoras, dos cabelos arranjados, dos beijinhos, só um ao tio, as crianças de colarinhos apertados, a pressa para o jantar ainda bem que terminou... Consegui passar por cima disto ou, sem modéstia, situei-me muito para além disto e fiquei naquele espaço onde ecoaram vocábulos redondos, lágrimas, trovas que trazem amigos que bebem copos e esmagam vampiros... Entardecer musical por dentro dos teus olhos que representam tão bem o que os meus querem conhecer. Agradeço singelamente a tua existência, as tuas mãos que me levaram lá... Por momentos compreendi tudo e tudo fez sentido.
Emociona-me sempre esta criação de Chico Buarque e Edu Lobo... Interrogo-me sobre esta interpretação de Maria João e Mário L.: será que este estado de levitação é uma reinterpretação da «Divina Comédia», poderemos ascender e não descer aos infernos, à vida que nos rodeia? Estará tudo dentro de nós, Dantes e Beatrizes, perdidos nas cidades de pedra? Ora escutai...