quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
Muito tempo depois... Para Syl
Porquê?
Não seria fácil quebrar os círculos?
Seremos menos loucos do que o mundo quando deixamos que os sonhos morram numa bela farda que nos traz o «modo funcionário de viver»? (esta frase está na ordem do dia na blogosfera...)
Custará tanto dizer não?
Mad World!
Houve um tempo assim: ouvia a chuva por dentro da mesma forma que os teus dedos tocavam na vidraça feita de uma certa luz que dos meus descia sobre ti.
Era tudo: a água que corria melancólica e calma por sobre o espaço vazio, a voz que era a música do incêndio sobre esse rio...
Houve um tempo assim: entre palavras e sons se estendiam os dedos e os lábios-torrente, essa mesma,a cascata, a que caía sobre a vidraça (que era olhos e corpos e tudo o que sobre o tempo e a emoção partia à deriva),correndo em forma de água sempre melancólica e calma preenchendo um espaço vazio.
Houve esse tempo, mas existe um abismo rasgando essa face calma e melancólica da pressa de nunca chegar a teu lado, do outro lado da vidraça, onde não se ouve a torrente da música das palavras, mudas na tua presença.
terça-feira, 12 de fevereiro de 2008
Esta não é a melhor forma de começar o que quer que seja - frase ou texto ou retrato ou fotocópia sumida a representar qualquer coisa como a vida. Continuo com esta inquietação, este talento ou vocação de amora que sangra para dentro como diz o António naquela crónica que leio todas as noites. Serão noites? Deveria dizer dias porque aqui onde estou não consigo estabelecer dentro de mim essa fronteira entre o tempo, mas sei que está sempre escuro e que isso me pesa uma sombra demasiado intensa sobre as horas.
Apetece-me, por vezes, como hoje, entrar precipitadamente nessa noite escura (cá está de novo a voz do António, maldita fixação de últimos tempos), indiferente a tudo, porque tudo é uma cortina cinzenta teimosamente pesada para que eu a enfrente e recolha os aplausos.
Imagino-me a cair do palco e não me desagrada essa imagem, diria que é assustadoramente agradável, talvez junto ao chão brote um rio que deixei fluir sobre um corpo que já não me pertence, talvez seja um terreno fértil coberto de erva e papoilas e frutos e laranjas e aves que trazem nos bicos as mãos com que nunca aprenderei Bach ou Liszt, quebrando o silêncio do piano...
Desculpa este desabafo, não é fácil ouvir palavras tão à solta, à doida, saídas do vazio, da ausência deste lugar onde me encontro.
Talvez se conseguisse dormir me passasse esta vontade de cordel dado ao vento, prendendo o papel entre os dedos (prende bem os nós, senão desfaz-se na brisa, na vaga, na leve linha horizontal que fenece).
Desculpa, sim desculpem, F., M., nem o calor dos vossos sonhos me embala (é neste momento que descubro que não é só da minha vida que não gosto, afinal, também não me tenho em grande estima). Vou apagar a luz do vosso quarto. Os meus olhos, apenas os meus olhos que não se fecham dentro deste cansaço, permanecerão velas a guiar os vossos passos.
Desculpa. Queria entrar, ó António... Aqui onde todas as paisagens são distantes.
segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
Só distância
quinta-feira, 29 de novembro de 2007
Lugar comum
...E se assim for e o sonho chegar, cantar-te-ei ao ouvido, em harmonia com o corpo que já só pertence ao espaço do teu - esse lugar comum na minha boca, nas minhas mãos - o nome do que a vida nos traz a cada instante por entre o sono, por dentro da pele a arder...
Boa Noite
(não te vás embora)
Até Amanhã
(uma nova manhã - a luz que encontro nos teus braços)
Só silêncio
Lembro-me e cai-me uma sombra-fúria em que não me reconheço.
Esboço, a preto e branco, a lágrima que deixei partir sobre um rio, ao longe no horizonte das memórias que me trazem esta cor tão cinzenta.
Seguro um grito, uma palavra que desprezo, uma palavra sobre a perda, sobre o tempo que não retorna, esse louco gigante em que me perco.
Lamento-o. Esse. O afecto desperdiçado que agora me chega a saber a coisa gasta, a trapo, a chão.
Seguro o silêncio e travo nos olhos a vontade de ser outra. Agarro-me ao silêncio, à música, aos poetas que deixo vogar sobre o meu corpo como um navio lento carregando as horas...
Esboço, a preto e branco, a lágrima que deixei partir sobre um rio, ao longe no horizonte das memórias que me trazem esta cor tão cinzenta.
Seguro um grito, uma palavra que desprezo, uma palavra sobre a perda, sobre o tempo que não retorna, esse louco gigante em que me perco.
Lamento-o. Esse. O afecto desperdiçado que agora me chega a saber a coisa gasta, a trapo, a chão.
Seguro o silêncio e travo nos olhos a vontade de ser outra. Agarro-me ao silêncio, à música, aos poetas que deixo vogar sobre o meu corpo como um navio lento carregando as horas...
quarta-feira, 28 de novembro de 2007
Boa Sorte
É bastante irresistível.
Mexe nas palavras.
Sobretudo, nas não ditas.
Sobretudo, no que pode estar para vir dentro das palavras com que tudo se constrói e que seguem por dentro da música ou do silêncio que nos fica quando tudo se cala, quando a poeira dessas mesmas palavras não nos deixa ver senão sombras... Então... É só isso... Seguir em frente com mais ou menos sorte... Sem, contudo, deixar a noite entrar. É cedo, ainda que esteja frio... Há sol.
Haverá.
Sempre.
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